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quarta-feira, 20 de outubro de 2010



                        
                             Galeria do meu ser 



Tudo passa tudo cansa, tudo é nojento. Naquele tempo, eu dizia a meus discípulos: “tomai todos e comei este é meu corpo”. Eu virava as páginas de minha “bíblia”, uma agenda velha coberta de sagradas escrituras, nomes e números de telefones levados pelo vento, seqüências curtas e repetitivas que deixam o coração ranzinza, como as manhãs frias em que agente se encolhe sob as cobertas sem ousar abrir os olhos. Eu detestava meus companheiros de noite, eram gritos perdidos, partidas sem saudades. Em outrora, bastava levar-me a uma praia branca, com palmeiras e tudo, para obter de mim tudo o que eu podia dar: uma espécie de paixão favorecida pelas condições climáticas, a balbúrdia ou a confusão local e a ausência de outra distração a não ser o sol de dia e o amor de noite. As voltas de carro eram fúnebres, as malas cheias de roupas e de lembranças de pacotilha. Era só dar até- breve, que queria dizer adeus, que meu bronzeado de aparência quase fulo, virava cinza sob a chuva do ponto de táxis. O fim de uma aventura, mesmo a mais vagabunda, é uma corrida contra o relógio, quem ganha é sempre aquele que parte primeiro; mas eu, o idiota, sempre fico uma horinha a mais e perco, porque o outro malvado, terá tido tempo de me dizer vá embora, e começa tudo de novo. A fuga vergonhosa com as malas entulhadas de lembranças em desordem, o canto da partida, a busca do refúgio, a espera, a interminável espera. Eu espreitava o transeunte retardatário, o olhar que implora um sorriso, a prova de que eu existia ainda para todos esses homens impassíveis, odiosos, para todos esses caras que eu queria conhecer juntos, para ir mais depressa, para perder menos tempo, para encontrar. Tentei tudo. Perambulei ao longo das vitrinas sofisticadas das avenidas burguesas. Visitei os museus e as exposições. Tomei o ônibus nas horas vazias. Sentei-me no terraço das cervejarias renomadas. Freqüentei os salões de arte e de estréias. Os cinemas. Eu tinha o fôlego de um caçador na abertura da temporada de caça. Ao menor alerta acentuava em meu nariz meus óculos de professor, que desenhava meu rosto em uma simetria espantosa deixando recear meus lábios acetinados ao vir um sorriso mais comovente. Eu tinha necessidade de amar. Estava pronto para tudo teria dado minha vida por um só, mas foram todos os outros que vieram. Os calados, os educados de mais que se giravam ao meu redor, os insidiosos que se sentavam à minha mesa, secando-me sem doçura. Eles me ensinaram que um homem disponível se prostitui; ele espera o cliente sabendo que devéra dar muito par receber em troca uma magra ternura.
A falta de cerimônia era revoltante.
Dirigiam-se a mim como uma criança frágil, avaliando com um olhar cúpido o que podia eu esconder. Indagavam-se sobre a minha musculação recém feita avaliavam a firmeza do meu sexo. Eu deslizava sobre esses ataques, impudico, oferecido e revoltado, recolhia meu saco de ilusões, saia bem depressa, longe da multidão ameaçada que pulava a minha volta. Acuado na solidão por minhas recusas hesitantes, isolado por minha sublime procura do absoluto, arrastava-me lentamente da cidade dos ruídos. Ficava encerrado em meu quarto que cheirava a incenso de jasmim, e ma acariciava durante horas, tenso, doloroso, atento a suscitar o orgasmo inaudito que quebraria minha obsessão como um vagalhão. Seguia a ronda das horas na ronda das sombras que corriam no teto. Com as ancas dobradas sobre a beira da cama, com a, cabeça perdida em minhas almofadas encarniçava-me sobre meu corpo. Conhecia-lhe a menor fraqueza e me esmerava em me atormentar cruelmente até o limite do suportável, esfregava o interior de minhas coxas, até sentir na ponta dos dedos o calor de meu sexo. Embriagava-me com ele, aspirando com volúpia seus aromas adocicados, esse sabor pesado e tenaz que impregnava meus dedos, essência de flores malvas e rosadas, óleo teimoso que caia gota a gota nos lençóis bordados onde me enfiava para chorar de felicidade.
Essa dupla buscar de amor e de mim foi uma obsessão durante anos.
Habituara-me a me masturbar havia tanto tempo que esse ato se tornava uma função indispensável, uma necessidade de tão profunda que nem pensava mais em resistir-lhe. Sentia uma vontade enorme de tocar meu corpo, e era preciso que eu satisfizesse essa necessidade no mesmo instante. Desabotoava minha camisa e deslizava com emoção a mão por meu corpo, ou então através de minha calça, apoiava imperceptivelmente os dedos unidos sobre meu sexo, e atingia, por este apalpamento tão natural, a mesma perturbação que teria provocado à posse de uma mão estranha.
Estava apaixonado por mim. À noite, protelava o máximo possível o instante em que cederia a mim mesmo. Lutava para controlar os impulsos do prazer que tentava meu corpo arqueado quase que simetricamente. Tinha astúcias que me fazia estremecer roçamentos intermináveis, arranhadura de uma unha no ponto sensível, torcia os membros para dar e meu corpo posições ultrajantes, abria-me até sentir a dor sem poder admirar o que eu assim oferecia. Exagerava em meu espírito delirante o impudor de meu abandono, o fulgor da fonte que escorria em minhas pernas e mãos.
Minhas fantasias liberavam grandes planos insuportáveis aos quais não conseguia resistir. Agarrava-me com as duas mãos e conduzia-me à entrega, receando a violência do orgasmo que me deixaria aniquilado e pálido.
Isolava-me cada dia mais nessa necessidade de mim, esse período foi o mais calmo de minha existência, pois eu nunca me decepcionava.
 Mais foi durante um desses retiros carnais que o encontrei...   
                  

                 
 "Quem tentar possuir uma flor, verá sua beleza murchando. Mas quem apenas olhar uma flor num campo, permanecerá para sempre com ela. Você nunca será minha e por isso terei você para sempre".

Paulo Coelho




sexta-feira, 24 de setembro de 2010

 De Corpo te presenteio

Faço vinte anos, dez mais dez, andei depressa demais, enveredei pelo mau caminho, erro fatal. Deveria ter sido burguês dedicado à educação de uma prole tão sadia quanto à de meu pai, que ativesse dirigido. Teria brilhado em intermináveis jantares nos quais me teriam olhado de lado; teria desfrutado o encanto dos trabalhos caseiros no dia de folga; teria requentado, somente nesses dias, a sopa de legumes da horta, que dá ás crianças bem-criadas faces coradas. Teria respondido ás saudações dos vizinhos. Teria morado numa cidade próximo ao campo, de alamedas sombreadas, altiva, cautelosa e fria em que convivências e boas maneiras se conjugam ainda no futuro do pretérito. Teria conhecido a embriagante aventura da viagem, a Paris anualmente, onde me teria esperado o amante desprezível que saberia humilhar com um prazer fulminante meu corpo hipócrita. Eu deveria. Eu deveria.
Em vez de tudo isto, me fizeram comum não tenho tudo a meu favor: o encanto, o andar, a postura , o olhar e o rosto, o que deixam muitos apaixonados , tímidos galantes, brutais, loucos ameaçadores, embaraçados. Mas fui feito comum, não feio talvez, mas pelo menos não belo dessa insignificância que caracteriza os maridos submissos e os solteirões rabugentos. Até onde me lembro logo que me iniciava ao um ambiente acumulavam-me de adjetivos que não querem dizer nada. Fui à ordem de entrada da cena maroto, travesso, precoce, perverso. Depois, disseram que “eu prometo” e que “eu não tinha medo de nada”. Tornei-me a alguns alheios “excitante”, “encantador”, “uma uva” “provocante”, patético não acha? Mas tudo isto me fez recentemente, elevarem-me ao um estado incomum a mim, ao seja, ao nível dos exibicionistas”. Muito cedo compreendi que bastava um gesto ou um olhar para perturbar os adultos que me impressionavam e tornálos  vulneráveis a mim. Aprendi a rir com a garganta a olhar por baixo das pálpebras , a suspirar ternamente. Durante horas, no silêncio róseo do meu quarto, eu ensaiava minhas farçanhas, aprendi a virar bem devagar a cabeça, a deixar flutuar meu olhar sonhador de espelhos manchados, sabiamente disposto, eles refletiam ao infinito, onde fazia  transparecer a minha face um ser quase que angelical.Exercitei-me em estremecer , ofegar colocar levemente a mão sobre meu sexo, fazer tremer os dedos, franzir delicadamente as sobrancelhas e afogar de melancolia  com o breu suave do meus olhos. Eu estudava meus triunfos e saboreava minhas vitórias. Eu acentuava impiedosamente com perturbação fixando com candura o rosto atormentado de minha vítima. Nunca tolerei os mais novos que eu,  e um deles  apaixonados é para mim um contra-senso biológico! Com o tempo Tornei-me ir-re-sis-tí-vel, todos caíram aos meus pés pluf! Coquete e caprichoso , egoísta e indiferente único e despresível, perverso e leviano , mentiroso e infantil,deixo todos na mão.Sujeira vocês disseram ? Pior que isto.Só me faz sentir a pior das vergonhas: a vergonha retrospectiva a vergonha oculta . Que entre muitas você acaba lembrando sempre que lhe ocorre o devaneio de memória. Mas entre esse apogeu castrador e o abismo lúgubre em que me arrasto hoje, gemendo, aconteceu alguma coisa que não podia guardar só parar mim. Dei muitas explicações aos amigos aos, falsos amigos, aos idiotas  olheios à qualquer desgraça, sem  nem mesmo abrir a boca . Só para não  manter-me  em silêncio  para que eu me perca nas bocas e não nos pensamentos, para que encontre  um ponto nem que seja este um orgasmo. Mas nada disto serviu, só me transformou no que sou hoje, um podre solteirão vazio e enrugado e soluçante. Eu fracasso e confesso. Em breves momentos de volúpia, senti-me seguro num ambiente um tanto veemente. Detono que não amara o meu ser, mas sim o corpo que suporto.

E.H


Não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010



                                Focos

Alguém em disse uma vez que a religião era vista pelas pessoas comuns como verdadeira, pelos sábios com falsa e pelos governantes como útil. A Única coisa em que eu acredito é em meu nome e na minha vida que tenho, e hoje vou deixar que ela se tome daqui.
Ela vai gritar mais uma vez, e tentar convencer-me de que tudo que ela sabe é bom para mim. Ela vai falar com ira e pavor que da próxima vez que eu sair do hospital, após outra fracassa tentativa de suicídio, e me batizar de diversos palavrões que soam com tal força chega ser maior que um soco, e completar seu discurso de “merda” dizendo que vai me arrastar para casa e jogar minhas porcarias, fora em um saco de lixo e me fará mudar para uma cidade nojenta. Onde na primeira oportunidade ira me interna em clinica psiquiátrica. Qualquer desculpa para me manter afastado de minhas escolhas, errantes e incestas, aos seus olhos e aos de Deus, e depois vai lamentar sua vida medíocre e lamentar os problemas do seu filho psicótico  que desperdiça sua vida com besteiras não vai parar de falar, para eu fazer amigos normais, encontra uma namorada e tomar os malditos remédios.
 Sem fé não como ser controlado e eu, odiava ser controlado era o único incrédulo, diante os olhos dos outros. Qualquer lugar pode parecer uma prisão quando não se tem fé incluindo sua mente. A única coisa que me faz passar por noites quase intermináveis é planejar e, sobretudo manter-me focado manter-me são, e na certeza de que o dia seguinte virá. O Meu nome não tem importância e não sou um mentiroso saibam disto afogando-me na depressão de um lago sem fundo, da minha mente sem pai. Uma mente que perdeu o coração esquecendo aos poucos o significado do amor.  Então cheguem, mas perto e vejam o garoto bobo e “bonitinho”, queiram mergulhar, na profundeza dos seus olhos. Beijar seus lábios vermelhos como sangue e por fim não entende-lo simples e descartável. O Suicídio (Serviço de Emergência. De que precisa? Ambulância Rua Bahia, 97 casa três. Certo. Qual é o problema? Tentativa de suicídio, rápido. Vamos querido acorde. Quem é ele? Qual seu tipo de sangue? Sangue tipo O. Ei acorde! Acorde querido ei? Ei pode me ouvir? Vamos levá-lo depressa. Avise que tivemos uma overdose! 1 2 3... 1 2 3... Acorde, Acorde. Garoto jovem, 18 anos encontrado inconsciente na cama. Deixou um bilhete de suicídio com informações detalhadas. Sinais vitais bons agora. Vai ficar tudo bem! Certo? Vai ficar, está me ouvindo?). Imaginem que é assim que termina? Não, você não me perguntou, mais eu te respondo, eu não sei. Mesmo que eu pudesse não esqueceria, as cicatrizes elas me mostram quanto longe eu cheguei, é fácil para quem não me conhece, o julgamento vem à primeira vista. Paro os que me conhecem, não há tempo para explicações a dar, para os que têm um raciocínio um tanto lento não se esforce em me entender, já lhe custam muito fitar- me longe. Não acreditem em tudo que seus olhos vêm não se acostumem com a mesma paisagem, pois um dia tudo muda de um jeito ou de outro mesmo contra sua vontade. Para aqueles que têm a mim uma compaixão e amor levem-me, como um sonho, mas aviso logo é que, pode ser muito ruim conversar com os mortos nos sonhos.
 Sou garoto vazio sofrendo a perda dos seus familiares, uma marinete partida. Uma parte de mim se foi quando eles partiram (vovó e papai). Alguém me disse que não vale apena tudo isto, que é sobre as pessoas que ainda não conhecemos. É como as pessoas das minhas histórias não tenho certeza de gostar de como soam, mas elas estão lá. A verdade é que estou assustado que possam ser como eu.
 Mas se um Deus deseja impedir um mal, mas não é capaz então não é onipotente. Se for capaz, mas não deseja então deve ser malévolo. Se não é capaz, nem deseja então por que clamá-lo de Deus? Por quais outros motivos acontecem coisas ruins a pessoas. Não entendam mal. Isso não é apenas destino.  Pois cada alma desta população iludida, está ligado ao relógio Cármino (Deus), onde suas próprias escolhas sejam elas boas ou ruins, se falham sempre vêem o desgaste, e os estragos por debaixo da superfície. Os seus dentes que rangem na engrenagem. O dano que se causa, a tantos em sua jornada egoísta em direção à apenas suas conseqüências favoráveis, deixando de encontra um propósito dentro de si. Após tudo isto acordar e se perceber vivo custa muito.          

Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é so um dia mais.
José Saramago 

quinta-feira, 12 de agosto de 2010


Desvairada Memória




Nunca compreendi os homens. Nem mesmo a mim que do qual, tento fazer juiz ao sexo. Confundi tudo como uma lição mal-assimilada, sem refletir, sem prestar atenção, falhei em quase tudo, ou pelo menos estava dentro das expectativas de fracassos aos olhos alheios e venenosos. Era bufão, Pierrô Guloso, Superam um príncipe Charles, o primeiro aquele que consegue tudo, a perola de fogo na água fria, insensível aos sofrimentos provocados pelos amores contundentes, arrasador e impiedoso e açucarado dos patéticos e perversos demônios do meio-dia, belo e tonto como ninguém, primeiro eu, mas feliz; vazio e feliz.


Agora vivo recuando, apavorado por deixar as terras mornas e tranqüilas da adolescência, tenho ainda na boca o gosto de morango daqueles tempos  e o travo agridoce das lagrimas infinitas. Fecho os olhos e creio reencontra a maciez angorá de minha avó, o nariz enterrado em seu suéter, na nevoa rosa do abajur que dava a meu quarto a cor de bom-bom levemente acido. Era a época da baunilha, do chocolate e dos vinhos baratos, do dente que se perde, dos camundongos na dispensa, das balas e do cheirinho de flor das geléias em potes de vidro rotulados à mão. As horas se escovam então como uma majestosa lentidão, desfiados por um grande relógio, cor de cobre com variados desenhos de pássaros, que luzia na penumbra das tardes de inverno, em que se fechavam os postigos para aprisionar o fresco, e sem dúvida a mim também, que elanguenscia na maciez de um sofá estampando e velho.
Fé é algo que se têm quando não tem nada, e naqueles tempos eu possuía tudo. Contudo demorei um século para ter uma maturidade de dezanove anos, montanha de sensações secas inseridas num “diário” intimo, com desenhos de árvores secas e petrificadas no verso da capa, (no momento era  o que me representava) as lembranças correm atrás de mim e me alcançam assim que fico só. Uma palavra uma música, e eu olho por cima do ombro. Algumas vezes a evocação de um nome estrangeiro e misterioso me inquieta e ameaça a insuportável certeza do já vivido, que perturba durante algumas horas, o jogo de paciência lânguido que se tornou minha vida, atravesso minhas crises de Spleen com o desespero de um marujo que combate a tempestade, e me encontro sem cesar na casa da minha infância.Onde os objetos, que têm uma alma, esperam a minha volta. Meu primeiro urso de pelúcia ainda usa seu colete de um tecido de tafetá engomado, os camundongos, ainda galopam na despensa, o sininho do portão toca quando sopra o vento, os pássaros afiam o bico na calha das telhas velhas cor de musgo, as folhas continuem molhadas pelo orvalho da madrugada; nada se deterá jamais , a não ser eu, a quem esquecem assim que vou, passageiro em trânsito. A conexão foi anunciada, não há tempo para desfazer as malas e voltar.

Preciso ir agora as lembranças custam-me muito às palavras e o sono, vêem me convidar a ir com ele  e de imediato não me recuso, preciso me abster de palavras antigas para fazer novos vocabulários. Tomado da inconsciência das palavras debruço de sono.

Até logo...




“Com a idade a gente
dá pra repetir certas histórias, não é demência senil, é
por que certas histórias não param de acontecer em nós até o fim da vida”.

Do livro:: Leite DerramadoChico Buarque



                                                                                                                              Continue...

quinta-feira, 22 de julho de 2010





Falsidade desmedida

Não se pode culpar o destino e sim as situações que ele nos proporciona da qual muitas vezes não sabemos lidar. Estou rompendo o que se pode se chamar de uma suposta relação estamos nos renunciando. E neste momento quero ser fiel as palavras e de antemão evitar a força que delas vêem. Palavras que, quero lhe falar, mas diante de ti fico petrificado mudo estalado. Estou pronto para ser julgado pelo seus olhos, gostaria de ter a coragem que tanta vezes ensaie, diante do espelho para te dizer que sou covarde ao coração e não a razão. Para te falar que não tenho a intenção nenhuma de me apaixonar nem mesmo casar, sempre soube que não serviria para ninguém nem mesmo para ti. Já comecei a desmontar você de dentro do meu coração da cabeça vai demora mais um pouco, mas vou conseguir, quero seguir sem mágoas. Sei que você nunca entendeu que eu não nunca precisei me esconder de ninguém, prefiro sua ignorância de não saber qual sentimento usar diante de minhas palavras. Mas como posso definir o seu poder de sedução?


Talvez por você parecer uma criança a quem daríamos a mão para atravessar a rua, mas que na verdade é um ser devasso e cruel. Como pode com sua cara de anjo inspirar posses tão violentas brutais, doloridas, povoadas de gritos de prazer. Um corpo à espera de ser violentado, derrubado no chão, desvestido da camisa e das roupas de baixo, possuído sem licença como quem estuprado em sua própria casa sofrendo e gozando. Como pode? Estamos nos renunciando meu amor, e você cansado da minha pele descansa no meu corpo de tanto prazer, como uma tinta num quadro. Quero gritar bem forte seu nome que tem “I” forte de grito curto e dolorido. Você não vai mais precisar entender todos os homens que, ainda ia ser pra você, já imaginou o que eu posso representar para um bom amante? 15,20 homens diferentes cada noite um. Cláudio Vitor, Antonio, Pedro, Luciano Thiago, Marcos...
Eu sou o nome e homem que eu quiser. Eu sou movimento a ausência de rotina. Tudo isto você trocou por um passageiro da qual não vai mais voltar.
Quando se sente que amor acabou só nos resta o exílio. Exílio de palavras de gestos. E piedade porque não a nada mais tocante e patético do que não amar a quem nos ama.
Contudo desejo-te aqui neste quarto diante da noite que é nossa testemunha. Que deixo você viver. Mas que viva uma grande paixão! Destas que te arrastam violentamente, e te esmagam sem piedade que façam você sofrer com a felicidade, por ter medo de perdê-la. Selamos este contrato com um ultimo beijo e voltamos a nos despir.


Com todo meu amor...



Emerson H.

sábado, 10 de julho de 2010



Presença despercebida

Estou esquentando o corpo para iniciar, esfregando as mãos uma na outra para ter coragem.
Agora lembrei-me de que houve um tempo em que eu rezava, lembro que a reza era meu refúgio.
 (O movimento e alimento do espírito). Era um meio de mudamente me esconder de todos e atingir a mim mesmo. Mas quando eu rezava conseguia um oco de alma e esse oco era tudo que eu posso jamais ter.
 Nunca entendi bem o porquê, mas quando pequeno tudo já me era muito contraditório, não havia muita escolha e orientação era viver a realidade sem maquiagem e descobri-se por si só. E fui crescendo neste casulo, rígido e duvidoso do qual permaneci muito tempo. Nunca se questionava obedecia e a obediência custava muito caro. Por isto me privei de muitas coisas. Fui forçado a ter uma infância e adolescência muito precoce estava atrasado no mundo e sobrando nele. Em relação ao coração e as coisas mais importantes que se tem que aprender para viver.Nada eu fiz para impedir e aceitei pois acreditei que futuramente poderia mudar. Havia esperança e mim, juro que havia!. E hoje não restou muito, ou quase nada. E aqui estou com este mesmo oco de alma, não contrai muitos remorsos, mas dúvidas.
Mesmo assim nunca quis voltar atrás e reconciliar meu passado com meu futuro e o meu árduo processo de vida. Antes de tudo fui capaz de acreditar, e uma suposta reconciliação só iria aumentar meu desespero, no entanto muito poderia ter sido evitado, se um adulto responsável tivesse encarregado de me contar, (Da minha avó não cobro nada, ela fez tudo que estava a seu alcance e não a questiono pela sua leve ignorância)  nem um amigo que me compreendesse e me guiasse para um caminho sem dor e sem dúvidas. Poderia sim ter evitado supostos sofrimentos, mas não fiz nada. Não tem como lutar contra o seu próprio destino você aceita e pronto. Hoje tudo que eu vivi me limita a esperanças.
Mas o vazio tem o valor e semelhança do pleno. Aprendi tudo sozinho, e não me arrependo dos erros que cometi aprendendo, pois fiquei, mas forte com eles. Penso, falo, ajo e tenho atitudes condizentes com a minha maneira de ser e de ver, e sentir.
Mas um meio de se obter é não procurar, pois tudo tem um tempo e um motivo e o que restava agora era considerar e não recusar assim, a predestinação. Um dia alguém me disse: “que as pessoas passam no tempo assim como murcham as rosas”, mas eu passei por ele, e não murchei estou vivo e descobrindo a mim mesmo. Não vou me nomear sobrevivente das desgraças da minha vida, mas sim vitorioso delas.
Mais ainda sim, esta minha vitória se resumiu no vazio e na escuridão, hoje posso dizer que não tenho medo nem das chuvas tempestivas, nem de grandes ventanias soltas. Embora eu não agüente ouvir um assobio no escuro e passos. Contudo tenho a integridade de admitir os meus medos e não guardá-los em uma gaveta como já fiz inúmeras vezes, esta me parece a mais coerente maneira de se usar a provas. Mas que ninguém venha me questionar, tudo já foi vivido e, o que vier de agora em diante é secundário para mim, eu fui escolhido, sou a vítima. Mas será que este é mesmo o meu destino? Onde este Deus agora? , A sim! .Suponho que, esta jogando dados com nossas vidas e poetizando nossas tristezas. Eu acredito no poder das palavras e como elas podem repercutir na vida de nos mortais. As palavras podem mudar as pessoas e mostra a resposta de seu mistério seja ela qual for. Podem livrar você até da escuridão e lhe mostra o que realmente você procura.
O que faz pensar naquele garoto. O menino que encontrava seus sentimentos nas palavras. Era quase um homem feito, jovem e bonito, esbanjava beleza onde passava, mas abrigava uma tristeza e escuridão em seus olhos que fazia se notar, mas que a beleza em si. Era tão tímido que se podia ler a sua mente, mas não era do tipo que mentia pra estranhos, só não sabia usar as palavras. Mesmo antes de um suposto envolvimento eu, demasiadamente o estudava de longe e constatei sua vilipendiação e, incompreensão da qual, me identifiquei. Não demorei muito para conseguir decifrar o seu ser por inteiro. Poderia me achar um louco, mas me reconheci no espelho dos olhos dele, conversas e olhares faziam de parte de nossa rotina agora. Até mesmo um suposto sentimento poderia vir, mas não arrisquei. Foram os momentos, mas significantes da minha vida e nem por isto deixei de senti-los até hoje. Nunca  me esquecerei, nada que acontece é esquecido para sempre mesmo que você não lembre. Não há como esquecer a pessoa com quem dormiu. O acontecimento fica tatuado em marca de fogo na carne viva e todos os que tentam o estigma fogem com medo. Estou escrevendo porque acredito que, assim posso preencher este oco. Nunca houve espaço para mim no mundo dos homens, sou desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser, e se não fosse à sempre novidade que é escrever, sim logicamente morreria todos os dias.
Mas preparado eu estou para sair discretamente pela porta dos fundos. Sem que ninguém me note, como uma “presença despercebida”.
Experimentei quase tudo nesta vida, inclusive a paixão e hoje  descarto tudo.
 Agora eu preciso fumar para esquecer...

“Renda-se, como eu me rendi.
 Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.
 Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”.

Clarice Lispector